sábado, 26 de novembro de 2011

Mentira tem perna curta

Quem não se lembra de ter inventado um ou outro detalhe a uma história para torná-la mais interessante no momento de contá-la às amigas? Ou quando aquela tia nos dá uma blusinha superbrega e ainda nos pergunta, sorrindo, se gostamos do presente e a gente diz um “sim” com sorriso amarelo só para não deixá-la magoada. Esse tipo de mentira, que não traz grandes consequências, pode até passar despercebido. Porém, quando mentimos para fugir de uma responsabilidade, a coisa começa a complicar. “É muito comum mentir para não levar uma bronca dos pais. Se tiramos uma nota baixa no colégio, por exemplo, podemos mentir para não ter de assumir as consequências de não ter estudado. O problema é que a verdade, uma hora ou outra, acabará vindo à tona”, alerta a psicóloga Rosana Zanella, professora da Pontifícia Universidade Católica (PUC), de São Paulo. No caso das notas vermelhas, quando os pais descobrem a mancada da lha e ainda se dão conta de que ela tentou enganálos, o mais provável é que quem furiosos em dobro. Ou seja: nessa situação, além de não ajudar a resolver os problemas que já temos, a mentira ainda cria outros. O fato é que uma mentira acaba levando à outra e, quando percebemos, nos enrolamos na história que nós mesmas criamos. E é justamente por isso que dizem que a mentira tem perna curta. E mais cedo ou mais tarde acabaremos sendo desmascaradas e provavelmente perderemos de uma só vez a confiança das pessoas. Pra completar, ainda corremos o risco de pagar um micaço. Ninguém merece, né?

Por que mentimos?
Agora, se você já mentiu em uma ou em várias situações parecidas com essas que a gente contou, vale a pena tentar entender o que passou pela sua cabeça e que a fez agir daquela maneira. Se mentiu só para se divertir, simplesmente porque não achou que a história ia dar tanto ibope, menos mal. Porém, se inventou todo um enredo fantasioso para a sua vida porque estava se sentindo insegura e não encontrou outro jeito de chamar a atenção dos amigos, aí é bom ficar esperta. De duas, uma: ou você precisa prestar mais atenção nas suas qualidades ou está na turma errada. “É perda de tempo tentar ser alguém que não é por achar que desse jeito vai atrair mais amigos. Com o tempo, vai ficando cada vez mais difícil sustentar a mentira, já que ninguém aguenta interpretar um personagem o tempo inteiro”, lembra a psiquiatra Ivete Gattás, da Universidade Federal de São Paulo. Então, se a sua turma anda exigindo que você tenha gostos ou atitudes que vão contra os seus valores ou vontades, nada de apelar e mentir para evitar críticas ou simplesmente para agradá-la. Ao contrário, assuma sua personalidade e dê à galera a chance de provarem se gostam de você de verdade. Eles farão isso se forem capazes de aceitá-la como é. Agora, se seus amigos começarem a ignorá-la a partir daí, tenha certeza de que estão lhe fazendo um favor. Afaste-se de vez deles e vá procurar outro, mais sensíveis e parecidos com você.

Eu menti feio. E agora?
Seja qual for o motivo da mentira, é sempre um sufoco sair dela. E, embora não seja a coisa mais gostosa do mundo assumir que você mentiu para alguém, essa é a melhor maneira de colocar um ponto-final numa história que começou errada, para que ela possa acabar bem. “Contar a verdade depois de dizer uma mentira é um ato digno e pode ajudar a conquistar o respeito dos outros novamente. No entanto, se a pessoa descobrir por outras fontes que foi enganada, será muito mais difícil conseguir que ela perdoe a falha”, garante a psicóloga Rosana. Na hora da conversa, tente explicar por que agiu daquela maneira, deixe bem claro que se arrependeu e que aprendeu com o seu erro. Ah! E tem mais: quanto antes você abrir o jogo, melhor.

Como detectar um mentiroso?

Tão chato quanto ter de consertar a besteira feita por causa de uma mentira é perceber que foi vítima de uma enrolação daquelas. Só que, nesse caso, também é legal chamar o mentiroso para um papo, ao perceber que alguns detalhes na história que ele conta não se encaixam mais. E, se ainda estiver em dúvida, observe o comportamento dele, muito além das palavras. Em geral, as pessoas ficam um pouquinho diferentes do normal quando inventam uma mentira, podem parecer mais nervosas, ansiosas ou inquietas. “O mentiroso também muda as expressões faciais, os movimentos do corpo, das mãos e até o jeito de falar e de olhar, porque fica meio inseguro”, explica a psicóloga Andréia Calçada. Na hora da conversa, tente não acusar seu amigo de maneira direta, mesmo que esteja sentindo raiva. Coloquese no lugar dele e tente entender por que ele agiu daquele jeito. Deixe claro que ficou chateada, mas, se possível, dê a ele uma chance de mostrar que ainda merece a sua confiança.